Os meios digitais de produção vêm transformando o ritmo de trabalho de vários tipos de profissional. A comunicação, por reunir texto, imagem e vídeo, está passando por profundo e constante processo de reformulação nesse contexto. Mas, sem dúvida, o referido processo é parte de uma transformação muito mais ampla.
Os impactos gerados pela introdução de novas tecnologias, em intervalos de tempo sempre menores, e pelas conseqüentes mudanças na forma de produção e consumo, seja de produtos, conhecimento ou entretenimento, vêm desestabilizando as “ordens estabelecidas” e sendo absorvidos na reestruturação dos procedimentos cotidianos.
É um processo infinito e vivemos ainda os desdobramentos da instauração da vida moderna, porém, agora, em níveis de aceleração tão críticos que nascemos fazendo contagem regressiva. A teórica Cláudia Linhares Sanz demonstra: “A duração deixa de ser recurso para se configurar em fator de alto risco.” Como contraponto, coloca-se o artigo do fotógrafo Pedro Vasquez publicado no jornal O Globo em abril de 2006: “Mas nem tudo está perdido, pois da mesma forma que a avassaladora difusão da fast food gerou o movimento reformista da slow food, é bem provável que o tsunami da fast picture seja contrabalançado pelo regenerador contramovimento da slow photography.”
As pessoas procuram se adaptar e acompanhar as transformações do ambiente externo. Georg Simmel, em seu artigo “A metrópole e a vida mental”, de 1902, demonstra o mecanismo de defesa individual contra a grande quantidade e diversidade de estímulos na metrópole. Cada um desenvolveria uma certa indiferença como capa protetora, buscando evitar sua fragmentação enquanto indivíduo. Ele definiu essa adaptação como "blasé".
Esse sintoma, identificado no início do século passado, continua a fazer muito sentido. Somos bombardeados por informação constantemente e precisamos de filtros para selecionar a que o cérebro deve se ater para processar. Assim, a veiculação de informação, de qualquer tipo, leva em conta o fato de nos concentrarmos por pouco tempo em cada coisa. A compreensão precisa se dar de forma quase instantânea. Uma mínima duração do contato com determinada informação atua contra a conexão com os indivíduos que facilmente irão se atrair por outro estímulo. O borbotão de imagens digitais está inserido nesse processo, gerando sempre novidades excitantes por poucos segundos, rapidamente consumidas e esquecidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário