domingo, 18 de novembro de 2007

A fragilidade e a preservação das imagens digitais

Não há limite ou há pouco limite para os acervos digitais. A capacidade de armazenagem dos computa­dores é cada vez maior e serviços da internet começam a oferecer grandes espaços para guardar backups de clientes. Arquivos não ocupam espaço físico e podem ser acumulados aos montes. Porém, torna-se imperativa uma organização criteriosa do material para possibilitar o resgate da imagem desejada. Caso contrário, é o mesmo que não tê-la. Além da dificul­dade de ordenar um volume crescente de imagem, há o problema da conservação, devido à fragilidade da informação digital gravada em mídias, cuja durabilida­de é imprevisível. Fica-se, na verdade, à mercê do hard disk, de cds, dvds, etc... Quem não tiver a disciplina de manter um rigor de backups constantes, pode não ter imagem alguma a recuperar. Há também a necessida­de de utilizar mídias e suportes de última geração.

Certamente o problema da conservação não surgiu com o digital. Acervos inteiros em película e papel já se perderam, estão se perdendo e se perderão, destruídos por fungos, luz, arranhões, poeira, etc... Entretan­to, as condições para a conservação eram muito dife­rentes. Dependiam do acondicionamento dos originais em arquivos feitos de metal apropriado, em tempera­tura correta e determinada condição de iluminação. A ação da gordura das mãos também deve ser evitada com o uso de luvas. Tudo isso também requer bas­tante disciplina, somado ao investimento em espaço, infra-estrutura e manutenção. Sob esse ponto de vista, o sistema digital também reduz custos, na medida em que fazer backups apenas pressupõe a compra de cds, dvds e outras mídias que se tornam mais baratas quando chega outra novidade no mercado (processo sempre mais acelerado).

A possibilidade de digitalizar imagens tanto em película quanto em papel está per­mitindo recuperar acervos antes fadados ao desapa­recimento. Uma vez no computador, a imagem pode ser restaurada, as cores podem ser recuperadas e arranhões, rasgos e dobras podem ser trabalhados ou até mesmo removidos, neste caso, apagando a ação do tempo sobre aquele suporte físico. Talvez o aspecto mais importante disso seja o seguinte: a digitalização permite que as imagens recuperadas cheguem ao público, saiam da obscuridade do arquivo e tornem-se fonte de pesquisa e referência visual. O acervo não pode ser manuseado em nome da con­servação, mas pode ser acessado na rede no caso da criação de um banco de imagens ou em computadores disponíveis para pesquisa em museus.

Chega-se a um ponto que central na refle­xão sobre a imagem digital. A matriz virtual é extrema­mente flexível: pode ser gravada, impressa, projetada, processada e enviada pela rede. Essa versatilidade, somada ao enorme desenvolvimento da internet, conferem à imagem digital um enorme poder de co­municação e disseminação. Essa característica tende a se intensificar em função dos novos avanços tecnológi­cos: maiores velocidades de conexão, captura e envio de arquivos de imagem cada vez maiores por celular, melhores técnicas de compressão de arquivo, conexão wireless e por bluetooth, maiores caixas postais, mais facilidade para expor conteúdo na internet, etc.

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