Certamente o problema da conservação não surgiu com o digital. Acervos inteiros em película e papel já se perderam, estão se perdendo e se perderão, destruídos por fungos, luz, arranhões, poeira, etc... Entretanto, as condições para a conservação eram muito diferentes. Dependiam do acondicionamento dos originais em arquivos feitos de metal apropriado, em temperatura correta e determinada condição de iluminação. A ação da gordura das mãos também deve ser evitada com o uso de luvas. Tudo isso também requer bastante disciplina, somado ao investimento em espaço, infra-estrutura e manutenção. Sob esse ponto de vista, o sistema digital também reduz custos, na medida em que fazer backups apenas pressupõe a compra de cds, dvds e outras mídias que se tornam mais baratas quando chega outra novidade no mercado (processo sempre mais acelerado).
A possibilidade de digitalizar imagens tanto em película quanto em papel está permitindo recuperar acervos antes fadados ao desaparecimento. Uma vez no computador, a imagem pode ser restaurada, as cores podem ser recuperadas e arranhões, rasgos e dobras podem ser trabalhados ou até mesmo removidos, neste caso, apagando a ação do tempo sobre aquele suporte físico. Talvez o aspecto mais importante disso seja o seguinte: a digitalização permite que as imagens recuperadas cheguem ao público, saiam da obscuridade do arquivo e tornem-se fonte de pesquisa e referência visual. O acervo não pode ser manuseado em nome da conservação, mas pode ser acessado na rede no caso da criação de um banco de imagens ou em computadores disponíveis para pesquisa em museus.
Chega-se a um ponto que central na reflexão sobre a imagem digital. A matriz virtual é extremamente flexível: pode ser gravada, impressa, projetada, processada e enviada pela rede. Essa versatilidade, somada ao enorme desenvolvimento da internet, conferem à imagem digital um enorme poder de comunicação e disseminação. Essa característica tende a se intensificar em função dos novos avanços tecnológicos: maiores velocidades de conexão, captura e envio de arquivos de imagem cada vez maiores por celular, melhores técnicas de compressão de arquivo, conexão wireless e por bluetooth, maiores caixas postais, mais facilidade para expor conteúdo na internet, etc.
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