domingo, 18 de novembro de 2007

Novos recursos, novos ritmos

Os meios digitais de produção vêm transformando o ritmo de trabalho de vários tipos de profissional. A comunicação, por reunir texto, imagem e vídeo, está passando por profundo e constante processo de reformulação nesse contexto. Mas, sem dúvida, o referido processo é parte de uma transformação muito mais ampla.

Os impactos gerados pela introdução de novas tecnologias, em intervalos de tempo sempre menores, e pelas conseqüentes mudanças na forma de pro­dução e consumo, seja de produtos, conhecimento ou entretenimento, vêm desestabilizando as “ordens estabelecidas” e sendo absorvidos na reestruturação dos procedimentos cotidianos.

É um processo infinito e vivemos ainda os desdobramentos da instauração da vida moderna, porém, agora, em níveis de aceleração tão críticos que nascemos fazendo contagem regres­siva. A teórica Cláudia Linhares Sanz demonstra: “A duração deixa de ser recurso para se configurar em fator de alto risco.” Como contraponto, coloca-se o artigo do fotógrafo Pedro Vasquez publicado no jornal O Globo em abril de 2006: “Mas nem tudo está perdi­do, pois da mesma forma que a avassaladora difusão da fast food gerou o movimento reformista da slow food, é bem provável que o tsunami da fast picture seja contrabalançado pelo regenerador contramovi­mento da slow photography.

As pessoas procuram se adaptar e acompanhar as transformações do ambiente externo. Georg Simmel, em seu artigo “A metrópole e a vida mental”, de 1902, demonstra o mecanismo de defesa individual contra a grande quantidade e diversidade de estímulos na me­trópole. Cada um desenvolveria uma certa indiferença como capa protetora, buscando evitar sua fragmen­tação enquanto indivíduo. Ele definiu essa adaptação como "blasé".

Esse sintoma, identificado no início do século passado, continua a fazer muito sentido. Somos bombardeados por informação constantemente e precisamos de filtros para selecionar a que o cérebro deve se ater para processar. Assim, a veiculação de informação, de qualquer tipo, leva em conta o fato de nos concentrarmos por pouco tempo em cada coisa. A compreensão precisa se dar de forma quase instantâ­nea. Uma mínima duração do contato com determinada informação atua contra a conexão com os indivíduos que facilmente irão se atrair por outro estímulo. O borbotão de imagens digitais está inserido nesse processo, gerando sempre novidades excitantes por poucos segundos, rapida­mente consumidas e esquecidas.

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